sexta-feira, 29 de dezembro de 2017
Alexander Tucker
Alexander Tucker: Third Mouth (2012)
quinta-feira, 28 de dezembro de 2017
Skin
Skin: Shame, Humility, Revenge (1988)
quarta-feira, 27 de dezembro de 2017
COH
COH: Cohgs (Editions Mego, 2017)
terça-feira, 19 de dezembro de 2017
Yasuaki Shimizu
Yasuaki Shimizu, Kakashi (Better Days, 1982; Reedição: Palto Flats / We Release Whatever the Fuck We Want Records, 2017)
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
Nam June Paik
Video Tape Study No. 3. (1967—1969)
Beatles Electroniques (1966-1969)
Electronic Moon No. 2 (1969)
Butthole Surfers
Butthole Surfers (EP, 1983)
Psychic... Powerless... Another Man's Sac (1984)
Rembrandt Pussyhorse (1986)
Locust Abortion Technician (1987)
Hairway to Steven (1988)
sexta-feira, 8 de dezembro de 2017
The Gentlemen
Texas Garage Punk, 1966... e aquele intro!
terça-feira, 5 de dezembro de 2017
The Urinals
Another EP (Happy Squid Recs, 1979)
Sam Sax
On PrEP or on Prayer
spare us your burial rites
spare us the first rib
the flood, the resurrection
spare us your dairy & meats
your belief in a life after this one
heaven’s a city
we’ve been priced out of
our mothers fled
for more affordable children
for the price of liver
heaven wants nothing
to do with pleasure
on earth
on this
the occasion of my brother’s wedding
i need something awful
done to my body
heaven’s a boy
who wants me to crawl
through his mother’s midnight-window
heaven’s the condom splitting into light
heaven’s not a place
more a wound i make & pass through
when we’re done
he asks how many men
i’ve fucked this month
& not loved
spare me the quilt & blankets
spare me the look
in his eyes when he takes me
careful as a poison inside him
spare me the lecture
on the survival
of my body
& i will spare you
my body
domingo, 3 de dezembro de 2017
Juana Molina
Halo (Crammed, 2017)
sábado, 25 de novembro de 2017
Philip Jeck
Live at Iklectik (Touch, 2017)
segunda-feira, 20 de novembro de 2017
Wolf Eyes & Anthony Braxton
Black Vomit (Les Disques Victo, 2006)
sexta-feira, 17 de novembro de 2017
quarta-feira, 15 de novembro de 2017
Jandek
Glasgow Sunday, Corwood Industries, 2005
The Pornographers
The Pornographers abre com um a reunião de quatro homens e de uma mulher numa movimentada zona urbana; da cidade passa-se para uma floresta, local onde as personagens se preparam para a rodagem de um filme pornográfico. A cena seguinte mostra os três homens da equipa a verem e a comentarem o que, presumivelmente, filmaram. Dos pornógrafos, a câmara passa ao filme: o pequeno rectangulo, no centro do nosso, mostra um peixe e ouve-se em off a perplexidade: que peixe é aquele e o que faz ali? O plano seguinte mostra o exterior de uma casa, o rectangulo alarga-se até se fundir com o nosso; a câmara desloca-se para, através de uma janela, mostrar um casal em jogos eróticos.
Um filme dentro de um filme, então. Dos três pornógrafos, um vai ocupar o interesse da narrativa: chama-se Ogata e é ele que se encontra deitado com a mulher. Viúva, com dois filhos adolescentes, Haru tomou Ogata como amante. E a família dela passou a ser a dele: Koichi, filho cujos caprichos Haru aceita sem real oposição (com um subtexto de relação edipiana), Keiko, filha perturbada na sexualidade que desponta, e uma amante que acredita que o primeiro marido reincarnou numa carpa. O lugar como chefe de família obriga Ogata a ganhar dinheiro não só com a produção de filmes pornográficos, mas também com outras actividades ilegais, todas ligadas ao desejo e ao sexo. Contudo, mais do que um modo de vida, Ogata vê a sua função como algo necessário à sociedade, um meio de dar aos homens um objectivo na vida. Para além dos problemas com a lei, Ogata também não se furta a problemas com outros que estão fora e dentro da lei: gente que lhe extorque dinheiro - yakuzas locais, os enteados, o namorado e a professora de Keiko - ou que o engana e rouba, como Koichi e um dos sócios. Tudo se resume a dinheiro, como dirá Keiko no final, e este fim justifica os meios. Contudo, ninguém se justifica (ou tem de se justificar) perante a lei – apenas Ogata tem de o fazer.
O exterior do início vai contrastar com o resto da obra, repleta de interiores, filmados recorrentemente de fora, através de janelas ou de gradeamentos. O fechamento dos espaços reflecte a clausura existencial das personagens, incapazes de fugir às suas contingências. A divisão interior / exterior também cria, melhor, impõe um distanciamento entre personagens e espectador, forçando este a tomar consciência do seu olhar de voyeur. E, claro, o voyeurismo e a importância do olhar não faltam no filme, existindo mesmo uma cena em que o padrasto observa escondido a enteada. Dir-se-ia que a situação foi provocada pelo acaso, mas tal sucede porque Ogata vai buscar pornografia ao esconderijo: Keiko veste-se, atira com um pé a roupa interior para um canto e sai. Ogata não abandona o seu lugar; ao sentir o aroma da roupa da adolescente, dá-se um flashback: Ogata acompanha Keiko, ainda criança, a caminho da escola e ela foge, sendo atropelada. Como mais tarde se verá, as marcas irão permanecer na sua perna esquerda: as suas cicatrizes constituem a face visível do que nos outros é invisível: a mancha no carácter.
Os diversos e inventivos dispositivos formais reflectem, metonimicamente, (sobretudo) a personagem principal: dividido entre duas mulheres (Haru e Keiko) e entre a respeitabilidade social e as actividades ilegais /imorais, Ogata mostra-se impotente (literal e metaforicamente), tal como, de outras formas, todos os da família. O caixilho central das janelas reflecte-se, em sombra, no corpo e no rosto de Ogata, indiciando barras de uma cela e a culpa sentida pela personagem, incapaz de resistir à tirania do desejo.
O mesmo caixilho funciona, em algumas cenas, como um separador da tela, dividindo-a em duas; temos, deste modo, duas telas num filme dentro de um filme. O motivo do duplo encontra-se reforçado, por exemplo - e de forma perturbante-, em duas cenas: na primeira, a equipa prepara-se para filmar, sem sucesso, uma adolescente em farda de estudante e um velho com bata de médico. A rapariga, deficiente mental e desassossegada, não obedece às indicações que lhe são dadas, apenas acalmando com os doces que o velho lhe dá - no final, os pornógrafos descobrirão que se trata de pai e filha (o que vai provocar divagações filosóficas). Na segunda cena, Ogata chega a casa e veste a bata de médico. Encontrando Keiko na cama, febril, vai buscar o comprimido que ela não tomou e um copo de água. Keiko oferece-lhe um beijo que ele primeiro recusa, para depois aceitar. Prestes a beijarem-se, são interrompidos – significativamente – pela polícia.
The Pornographers evidencia, assim, disrupções diegéticas e formais, em que a extraordinária inventividade formal acompanha a perturbação das personagens e da narrativa: sonhos, fantasias, analepses, mundo real rompendo as margens do mundo ficcional, paragens da imagem, ângulos de câmara pouco usuais e, mesmo, um ponto de vista inesperado: o da carpa que nada no aquário (fabulosos, os planos através do aquário). No final, a imagem reduz-se ao pequeno écran do início e regressamos à realidade, ainda não a nossa, mas a dos três homens-espectadores. O espanto enunciado no começo não se repete, antes a curiosidade natural: ele vai morrer? O filme deles termina e, segundos depois, o nosso. Sim, vai morrer? Todos vamos morrer. Todos vamos morrer sozinhos. Pelo menos, Ogata teve a sorte de escapar aos homens e à sua insídia. E nós?
Shohei Imamura: The Pornographers(1966)
Publicado no nº 151 do Argumento, Abril de 2016
segunda-feira, 6 de novembro de 2017
Heather Leigh
I, Abused Animal (2015)
sábado, 4 de novembro de 2017
Les Sucettes
France Gall
France Gall + Serge Gainsbourg
Serge Gainsbourg
sexta-feira, 27 de outubro de 2017
Sarah Angliss
Por norma, acho a flauta um instrumento particularmente irritante. Quem diria que um belo mugido de vaca ajudaria a ultrapassar essa irritação?
Ealing Feeder (edição de autor, 2017)
sexta-feira, 20 de outubro de 2017
The Ronettes
Phil Spector at the controls.
terça-feira, 17 de outubro de 2017
Guillaume Apolilnaire:
Zone
À la fin tu es las de ce monde ancien
Bergère ô tour Eiffel le troupeau des ponts bêle ce matin
Tu en as assez de vivre dans l'antiquité grecque et romaine
Ici même les automobiles ont l'air d'être anciennes
La religion seule est restée toute neuve la religion
Est restée simple comme les hangars de Port-Aviation
Seul en Europe tu n'es pas antique ô Christianisme
L'Européen le plus moderne c'est vous Pape Pie X
Et toi que les fenêtres observent la honte te retient
D'entrer dans une église et de t'y confesser ce matin
Tu lis les prospectus les catalogues les affiches qui chantent tout haut
Voilà la poésie ce matin et pour la prose il y a les journaux
Il y a les livraisons à vingt-cinq centimes pleines d'aventures policières
Portraits des grands hommes et mille titres divers
J'ai vu ce matin une jolie rue dont j'ai oublié le nom
Neuve et propre du soleil elle était le clairon
Les directeurs les ouvriers et les belles sténo-dactylographes
Du lundi matin au samedi soir quatre fois par jour y passent
Le matin par trois fois la sirène y gémit
Une cloche rageuse y aboie vers midi
Les inscriptions des enseignes et des murailles
Les plaques les avis à la façon des perroquets criaillent
J'aime la grâce de cette rue industrielle
Située à Paris entre la rue Aumont-Thiéville et l'avenue des Ternes
Voilà la jeune rue et tu n'es encore qu'un petit enfant
Ta mère ne t'habille que de bleu et de blanc
Tu es très pieux et avec le plus ancien de tes camarades René Dalize
Vous n'aimez rien tant que les pompes de l'Église
Il est neuf heures le gaz est baissé tout bleu vous sortez du dortoir en cachette
Vous priez toute la nuit dans la chapelle du collège
Tandis qu'éternelle et adorable profondeur améthyste
Tourne à jamais la flamboyante gloire du Christ
C'est le beau lys que tous nous cultivons
C'est la torche aux cheveux roux que n'éteint pas le vent
C'est le fils pâle et vermeil de la douloureuse mère
C'est l'arbre toujours touffu de toutes les prières
C'est la double potence de l'honneur et de l'éternité
C'est l'étoile à six branches
C'est Dieu qui meurt le vendredi et ressuscite le dimanche
C'est le Christ qui monte au ciel mieux que les aviateurs
Il détient le record du monde pour la hauteur
Pupille Christ de l'œil
Vingtième pupille des siècles il sait y faire
Et changé en oiseau ce siècle comme Jésus monte dans l'air
Les diables dans les abîmes lèvent la tête pour le regarder
lls disent qu'il imite Simon Mage en Judée
Ils crient qu'il sait voler qu'on l'appelle voleur
Les anges voltigent autour du joli voltigeur
Icare Énoch Élie Apollonius de Thyane
Flottent autour du premier aéroplane
Ils s'écartent parfois pour laisser passer ceux que transporte la Sainte-Eucharistie
Ces prêtres qui montent éternellement élevant l'hostie
L'avion se pose enfin sans refermer les ailes
Le ciel s'emplit alors de millions d'hirondelles
À tire-d'aile viennent les corbeaux les faucons les hiboux
D'Afrique arrivent les ibis les flamants les marabouts
L'oiseau Roc célébré par les conteurs et les poètes
Plane tenant dans les serres le crâne d'Adam la première tête
L'aigle fond de l'horizon en poussant un grand cri
Et d'Amérique vient le petit colibri
De Chine sont venus les pihis longs et souples
Qui n'ont qu'une seule aile et qui volent par couples
Puis voici la colombe esprit immaculé
Qu'escortent l’oiseau-lyre et le paon ocellé
Le phénix ce bûcher qui soi-même s'engendre
Un instant voile tout de son ardente cendre
Les sirènes laissant les périlleux détroits
Arrivent en chantant bellement toutes trois
Et tous aigles phénix et pihis de la Chine
Fraternisent avec la volante machine
Maintenant tu marches dans Paris tout seul parmi la foule
Des troupeaux d'autobus mugissants près de toi roulent
L'angoisse de l'amour te serre le gosier
Comme si tu ne devais jamais plus être aimé
Si tu vivais dans l'ancien temps tu entrerais dans un monastère
Vous avez honte quand vous vous surprenez à dire une prière
Tu te moques de toi et comme le feu de l'Enfer ton rire pétille
Les étincelles de ton rire dorent le fond de ta vie
C'est un tableau pendu dans un sombre musée
Et quelquefois tu vas le regarder de près
Aujourd'hui tu marches dans Paris les femmes sont ensanglantées
C'était et je voudrais ne pas m'en souvenir c'était au déclin de la be
Entourée de flammes ferventes Notre-Dame m'a regardé à Chartres
Le sang de votre Sacré-Coeur m'a inondé à Montmartre
Je suis malade d'ouïr les paroles bienheureuses
L'amour dont je souffre est une maladie honteuse
Et l'image qui te possède te fait survivre dans l'insomnie et dans l'angoisse
C'est toujours près de toi cette image qui passe
Maintenant tu es au bord de la Méditerranée
Sous les citronniers qui sont en fleur toute l'année
Avec tes amis tu te promènes en barque
L'un est Nissard il y a un Mentonasque et deux Turbiesques
Nous regardons avec effroi les poulpes des profondeurs
Et parmi les algues nagent les poissons images du Sauveur
Tu es dans le jardin d'une auberge aux environs de Prague
Tu te sens tout heureux une rose est sur la table
Et tu observes au lieu d'écrire ton conte en prose
La cétoine qui dort dans le creux de la rose
Épouvanté tu te vois dessiné dans les agates de Saint-Vit
Tu étais triste à mourir le jour où t'y vis
Tu ressembles au Lazare affolé par le jour
Les aiguilles de l'horloge du quartier juif vont à rebours
Et tu recules aussi dans ta vie lentement
En montant au Hradchin et le soir en écoutant
Dans les tavernes chanter des chansons tchèques
Te voici à Marseille au milieu des pastèques
Te voici à Coblence à l'hôtel du Géant
Te voici à Rome assis sous un néflier du Japon
Te voici à Amsterdam avec une jeune fille que tu trouves belle et qui est laide
Elle doit se marier avec un étudiant de Leyde
On y loue des chambres en latin Cubicula locanda
Je m'en souviens j'y ai passé trois jours et autant à Gouda
Tu es à Paris chez le juge d'instruction
Comme un criminel on te met en état d'arrestation
Tu as fait de douloureux et de joyeux voyages
Avant de t'apercevoir du mensonge et de l'âge
Tu as souffert de l'amour à vingt et à trente ans
J'ai vécu comme un fou et j'ai perdu mon temps
Tu n'oses plus regarder tes mains et à tous moments je voudrais sangloter
Sur toi sur celle que j'aime sur tout ce qui t'a épouvanté
Tu regardes les yeux pleins de larmes ces pauvres immigrants
Ils croient en Dieu ils prient les femmes allaitent des enfants
Ils emplissent de leur odeur le hall de la gare Saint-Lazare
Ils ont foi dans leur étoile comme les rois-mages
Ils espèrent gagner de l'argent dans l'Argentine
Et revenir dans leur pays après avoir fait fortune
Une famille transporte un édredon rouge comme vous transportez votre coeur
Cet édredon et nos rêves sont aussi irréels
Quelques-uns de ces immigrants restent ici et se logent
Rue des Rosiers ou rue des Écouffes dans des bouges
Je les ai vus souvent le soir ils prennent l'air dans la rue
Et se déplacent rarement comme les pièces aux échecs
Il y a surtout des Juifs leurs femmes portent perruque
Elles restent assises exsangues au fond des boutiques
Tu es debout devant le zinc d’un bar crapuleux
Tu prends un café à deux sous parmi les malheureux
Tu es la nuit dans un grand restaurant
Ces femmes ne sont pas méchantes elles ont des soucis cependant
Toutes même la plus laide a fait souffrir son amant
Elle est la fille d'un sergent de ville de Jersey
Ses mains que je n'avais pas vues sont dures et gercées
J'ai une pitié immense pour les coutures de son ventre
J'humilie maintenant à une pauvre fille au rire horrible ma bouche
Tu es seul le matin va venir
Les laitiers font tinter leurs bidons dans les rues
La nuit s'éloigne ainsi qu'une belle Métive
C'est Ferdine la fausse ou Léa l'attentive
Et tu bois cet alcool brûlant comme ta vie
Ta vie que tu bois comme une eau-de-vie
Tu marches vers Auteuil tu veux aller chez toi à pied
Dormir parmi tes fétiches d'Océanie et de Guinée
lls sont des Christs d'une autre forme et d'une autre croyance
Ce sont les Christs inférieurs des obscures espérances
Adieu Adieu
Soleil cou coupé
Alcools (1913)
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