segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Rui Pires Cabral

Budapeste


Frau Szabo está a pôr flores
na entrada, faz estalar a madeira junto ao vão
das portas. Parece-me que já conheço
este lugar, esta espécie de verde
nas paredes, a clarabóia toldada pela fuligem.

Ainda há pouco eu era um forasteiro a olhar
na ponte. Uma criança atirou papéis para o rio
e foi castigada, falava-se uma língua
assustadora.

Vir de tão longe para encontrar a sombra
de uma casa demolida. Jesus com olhos de corça
e o coração à mostra. E na casa de banho
a grande banheira de esmalte, com pés.



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